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     É num momento de clima frio e seguindo a máxima de Djavan de “um dia frio, um bom lugar pra ler um livro e o pensamento lá em você [...]”, que começo a refletir sobre coisas que normalmente tento não pensar.
     Me esforço para compreender relacionamentos e sentimentos e minha conclusão é a mesma do ponto de partida, nenhuma.
     Ao me deparar com um bom livro de romance, já que dizem que se quer romance hoje em dia compre um livro, pois bem, foi o que fiz e de fato o modo de viver em tais livros é muito inspirador, por isso acho que todos deveriam ler mais, não apenas para se tornarem pessoas mais instruídas de sabedoria, mas também de sentimentos e autoconhecimento.
     Hoje esse sentimento tão em descrédito ganha vida e força em livros e porque não sair dos mundos fictícios e se incorporar na vida real? Porque não mais trocas de olhares, lembranças compartilhadas, palavras afetuosas, corações palpitantes, saudade?
     É uma pena perceber que enquanto crescemos em mente e idade, regredimos em sentimentos, como vamos deixando eles se esvaecerem e se tornarem apenas uma lembrança de um momento que foi bom.
     Não é que as crianças amam mais, elas simplesmente não estão contaminadas com as preocupações e receios da vida como nós estamos. Talvez se nos “purificarmos” um pouco a cada dia, nos tornemos pessoas melhores.
     Mas confesso que tenho pena daqueles que buscam estar com alguém pelo simples medo de estarem sós. É estar enganando duas vezes, a si e ao outrem. Estar só não é ruim, quando se é uma opção e você decide escolhe-lá. Estar só exige um autocontrole às vezes muito maior do que estando acompanhado, pois a todo acontecimento você contará consigo, apenas. Triste não é estar só, triste é ser só.
     Confesso também que não tenho medo de amar, só não sei como lidar com ele. Desejo sempre sentir aqueles sintomas que nos diagnosticam como “doentes de amor”. Eu tento, tento e tento, mas me canso de tentar no momento que vejo que tem sido em vão e então abro os olhos para a vida e fecho o coração, mais uma vez.
     Gostaria também de ter mais coragem, de chegar à pessoa e falar tudo que treino em pensamento quando vou dormir, são belas palavras, mais que morrem enquanto durmo. Imploro que você me leve a sério, mas não te culpo por não entender meus objetivos. Não é que eu seja uma pessoa fria, apenas sou inseguro demais para mostrar ao mundo todo meu potencial “shakespeariano”.
     Tenho tanto sentimento guardado que minha vontade é botar um pouco para fora para poder caber você.
     Mas essas são apenas palavras ao vento...