Tenho acordado todos os dias com saudade de ser
feliz e por isso tenho buscado durante todo o decorrer do dia essa felicidade.
Sou incensante.Tenho vivido uma vida que talvez não seja minha, ou talvez
seja e eu sempre a mantive enclausurada. É anormal eu achar estranho o fato de
estar feliz demais, carinhoso demais, atencioso demais? Tenho tido aversão a
esse turbilhão de sentimentos. Esse viver tudo tão intensamente. Esse
permitir-se.
É algo tão bom, que tenho medo do que vem pela
frente. Nada nunca é tão bom sem um desastre bem próximo.
Eu nunca fui livre na minha vida inteira. Por
dentro eu sempre me persegui, me pressionei, me cobrei e é óbvio que isso
reflete em como vou agir com os demais. Eu me tornei intolerável para mim
mesmo. Vivo numa dualidade dilacerante, com esse bem e mal disputando o tempo
todo a liderança da minha vida. Eu tenho uma aparente liberdade mas na verdade
estou preso dentro de mim.
Mas algo que sei é que as coisas só começam a
fluir, quando a gente permite que isso aconteça. Estou confiando em mim de
novo, me permitindo, porque eu sei que posso muito, mereço muito. Porque por
mais pessimistas que sejamos, agente espera lá no fundo,
perdido, soterrado e cansado, que a vida nos compense de alguma maneira.
Não só a vida, mas as pessoas, quando dizemos que
não esperamos nada de alguém, na verdade estamos dizendo "me dê tudo que
possa e farei o meu melhor". Eu só queria ter coragem de dizer “Eu
nunca gosto de nada e gostei tanto de você.” A maneira como eu te
olho. Vendo mais, inventando mais, complicando mais.
É tudo muito confuso e estou aprendendo em passos
curtos a me entender, a te entender para nos entendermos. Mas enfim,
existem coisas que somente o coração é capaz de explicar e às vezes quando nada
acontecer como esperamos, não adianta só virar a página, muitas vezes
precisamos rasgá-la!
“Sou inquieto, ciumento, áspero,
desesperançoso. Embora amor dentro de mim eu tenha. Só que eu
não sei usar amor: às vezes parecem farpas.” Clarice Lispector