Me faço acreditar no inacreditável, no tudo derivado do nada, na outra realidade de vinda de mim, só assim me sinto seguro para viver, sem medo do mundo por de trás da porta, das pessoas à minha volta, do raiar do sol que pela manhã me acorda, do amor que sempre vai e da dor que sempre volta.
Vivo um mundo que não é meu, me faço de criança para fazer de conta que posso direcionar minha história para um final feliz, com trilhas sonoras no decorrer do percurso, com beijos infinitos, olhares apaixonados, palavras certas em horários errados, com paixão sob a chuva, risos sem motivos, dias ensolarados para diversão. Bobagem imaginar, mas me pergunto ... porque não ?
É tão difícil voltar a realidade quando embarcamos em histórias que não nos pertencem, mas nos afetam.
Principalmente nos afetam, porque pensamos e agimos nos baseando em como seria se determinada 'pessoa' estivesse na mesma situação. É incrível como só damos valor a vida de um personagem, pelas atribulações e desenrolar de suas histórias e não nos damos conta da mais incrível história que pode ser moldada ao nosso querer, tanto tempo focado no que não existe, deixamos nossa existência passar de forma insignificante, e essa não pode ser reescrita, apenas relida, e cabe a nós querermos ler nossa história como um drama ou uma comédia, um romance trágico ou inesquecível, ou apenas uma ficção que idealizamos mas deixamos passar.
Me FAÇO acreditar no platônico, me FAÇA acreditar na realidade se assim puderes. Uma realidade que esteja ao alcance das minhas mais sublimes fantasias e emoções, envolto de tantos sentimentos que nunca vivi, mas não me engano ao dizer que já os senti. Quem nunca viveu ou vive seu próprio mundo ilusório? Aquele intocável, que só você sabe dos detalhes, aquele impenetrável, aquele seu, somente seu.
No Faz de conta podemos ser o que quisermos, ser o que tanto lutamos para ser no dia-a-dia e nunca conseguimos. Eu por exemplo me torno uma pessoa sentimental, que acredita no amor, supera a dor, deixa de ser manipulador, para ser o manipulado, mas essa de uma forma prazerosa, sou o príncipe encantado, a força dos fragilizados, a ajuda dos necessitados, o eterno amado com legenda de felizes para sempre.
Na realidade sou o egoísta fechado, desacreditado, decepcionado, realista de pés no chão que vive caminhando em busca do seu rumo, rumo esse que não sabe aonde se encontra. Então só caminho, deixo fluir, deixo acontecer, mas infelizmente ao contrário do faz de conta, os esforços se esgotam, a força acaba, os pés se cansam e voltam para o conforto do meu falso ser, onde vivo a ilusão de te ter.
"Fiz mais do que posso, vi mais do que aguento e a areia nos meus olhos é a mesma que acolheu minhas pegadas, depois de tanto caminhar, depois de quase desistir os mesmos pés cansados voltam para você."
x.o.x.o Fah. Vasconcelos
Me sinto fugindo de mim mesmo, fugindo do que sempre busquei e aos poucos alcancei, lutei, cansei, perdi, desisti, me sinto longe da luz no fim do túnel, mas não sei até onde isso significa algo bom, procuro a salvação em meio a tantas desilusões, a distração que me convinha já não me satisfaz, o épico já não existe, nem em sonhos que antes constantes se tornaram um oásis em meio ao deserto. Quem sou eu hoje ? Alguém que não sabe se expressar por nenhum meio cabível, possível, desejável, que caiu na rotina do esquecimento, e foi se deixando levar ao ponto do nada. Esqueci que um dia fui extravagante, extrovertido, chamativo, vingativo, atencioso, maléfico, maquiavélico e me tornei isso...o sem graça, subordinado a ações e desejos de outrem, um completo robô, sem sentimentos, atitudes, vontades, que fala e faz o que lhe pedem ou seja necessário. Sou o avesso do que fui, o repúdio do verbo tornar-se, o nada no meio do tudo, a serenidade em meio aos maremotos da vida, vida essa que deixei de viver quando resolvi apenas seguí-la.Sempre almejei a mudança interior, mas nunca medi as consequências de tal mudança, não sou o que eu queria ser, exatamente o oposto eu diria, tenho tanto a fazer e então permaneci estático, inércia constante, incógnita indecifrável para eu tentar entender. Sou confuso nos gestos, atitudes, e principalmente palavras. Preciso de ajuda para me abrir ao universo novamente, mas não me permito um sequer desvio de conduta que abale meu pseudo-mundo. Sou um velho precoce, que prefere ler livros e ver seriado aos fins de semana, que sonha com romance inexistente, que não apega nem pega, que não termina nada que começa, que admira a felicidade dos outros e espera na fila quilométrica pela sua vez, que clama por socorro em silêncio.
Me veja como eu te vejo.
Viva comigo o que sonho com você.
Definitivamente preciso de uma nova história.
Algo que me faça mocinho e vilão ao mesmo tempo, que me faça viver como nunca vivi...
que grite, chore, ria, faça, seja, não esteja, pense, fale, ame, olhe, suba, caia, curta, acerte, erre, mas certo que sempre tentei e não me desapontei, quero agir, sair no meio da noite sem compromisso, quero fazer e ter o prazer de omitir em meio a milhares de segredos inconfessáveis, quero correr sem destino, tomar banho de chuva, completar a lista das 30 coisas para se fazer antes dos 30, amar intensamente por um único dia e repetir tudo no outro dia.
Quero ser feliz com velhos amigos, quero fazer novos amigos, quero a inocência de uma criança, a liberdade de um adolescente, a maturidade de um adulto, quero ser, e não almejar.
Sem medo, sem restrições, preconceitos, mente aberta, corpo livre, o mundo será meu!
Quero apenas ser eu de um jeito que nunca me permiti ser. VOU SER.
| I need another story | |
| Something to get off my chest | |
| My life gets kind of boring | |
| Need something that I can't confess Eu preciso de outra história Algo para eu desabafar Minha vida fica meio chata Preciso de algo que eu possa confessar [trecho da música Secrets - OneRepublic] x.o.x.o Fah. Vasconcelos |
